Quais alimentos foram trazidos
ao Brasil pelos japoneses?
NATÁLIA SUZUKI
Ovos, maçã Fuji, uva-itália, morango,
pimenta-do-reino e poncã: fotocortesia dos japoneses.
Pensou em um festival de sushis e sashimis?
Pense maior. No total, os japoneses trouxeram mais de 50 tipos de alimentos
ao Brasil. Os primeiros provavelmente foram as variedades de caqui doce
e a tangerina poncã, que chegaram nos anos 20. Mas foi a partir
da década de 1930 que a maioria dos novos gêneros aportou
por aqui. O cenário era favorável aos agricultores japoneses:
comprando ou arrendando lotes de terras das fazendas cafeeiras falidas
após a crise da Bolsa de Nova York, os pequenos proprietários
dedicaram-se a uma variedade de culturas que não eram populares
no Brasil. Muitos imigrantes traziam mudas junto com suas bagagens nos
navios. Foi o caso do morango e até mesmo de um tipo de fruta
insuspeita: a uva-itália, que apesar de ser italiana, como o
nome entrega, pintou no Brasil por mãos japonesas, na década
de 1940.
A coisa era mais fácil quando vinha por meios oficiais, via acordos
de cooperação entre os dois países. De tempos em
tempos, o governo nipônico liberava sementes para cultivo no Brasil,
como as da maçã Fuji, em 1971. Junto com as comidas “inéditas”,
os japoneses trouxeram técnicas para ampliar a escala de produção
de gêneros alimentícios já presentes no país,
mas ainda restritos ao esquema de fundo de quintal, como o alface, o
tomate, o chá preto, a batata e o emblemático exemplo
da produção de frangos e ovos. A avicultura brasileira
apenas ensaiava um vôo de galinha até a década de
1930. A atividade só decolou de vez com a importação
de aves-matrizes do Japão e com a experiência dos imigrantes
japoneses nas granjas.